Donnerstag, 3. Juli 2008

Brasileiros e Brasileiras no exterior


A rádio Mamaterra de Hamburgo ouviu falar do Primeiro Seminário das Comunidades Brasileiras no Exterior promovido pelo Ministério de Relações Exteriores Brasileiro.
Acontecerá nos dias 17 e 18 de Julho de 2008 no Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro.
Estaremos lá com um observador participante, o Ricardo de Barros historiador de Niterói que vive em Dusseldorf na Alemanha.
Parabenizamos a iniciativa, esperada desde 1950, quando os primeiros fugitivos da II guerra mundial que encontraram abrigo no Brasil, por sua vez já abrasileirados e com filhos brasileiros, ao retornarem a seus países iniciaram a transmissão das culturas e modos de viver dos brasileiros pelo mundo.
Trabalho de sapa, silencioso, e cheio de inglóriosos momentos os caminhos percorridos por estes “abandonados” acusados por um Brasil fechado e autárquico de “Carmens Mirandas estrangeirizadas”.
Crises econômicas, perseguições e aberturas políticas provocaram novas ondas de exílios voluntários ou forçados. Antes tarde do que nunca nosso Ministério das Relações Exteriores descobre o Brasil com uma veia de migração. Estava mais que na hora.
Desde a fatídica era Collor que não dá mais para tapar o sol com a peneira, o Brasil migra e leva seus mitos e sonhos para fora. É a excluida dos subúrbios do Brasil que vira madame em Cannes, é o professor de física que vira sambista em Moscou, é o perseguido pelas batidas policiais nas favelas e mangues do Brasil que vira Mestre de Capoeira nas Universidades do mundo.
A democracia racial, a cordialidade, o carinho e o jeitinho brasileiro, não vivido na pátria amada é vendido e comprado aqui fora do Brasil para quem quiser curtir este sonho.
São escolas de samba japonesas, e mestres de Kendo pretos retintos. Bahianas ruivas em Hamburgo, batuqueiros de olhos verdes e doutores das favelas em Harvard.
O país que não deixou esta gente viver é vivido em um sonho real por essas gentes, que no Brasil dividido entre os que “sabem com quem estão falando” e os que podem falar, jamais se tocariam.
Aqui no exterior convivemos com madames brasileiras aprendendo com suas amigas, que antes eram empregadas domésticas no Brasil, a dançarem afoxé e fazer caipirinha, carentes que estavam de suas identidades perdidas na Miamipanema.
Vivemos também doutores e escritores brasileiros, que em suas visitas às universidades, se chocam com o grau de conhecimento da realidade brasileira por parte dos estudantes europeus. Estes “intelectuais” acostumados a falarem sózinhos ou entre os seus no Brasil, voltam indignados para a pátria amada, e desandam a dizer que existe uma campanha para “denegrir” o Brasil. Os intelectuais da “morenidade” bahiana estão aí para não me deixar mentir.
Estão por fora, não sabem que antes passaram por essas universidades onde antes eles cantavam de galo, gente brasileira de verdade, músicos de verdade, intelectuais do povo de verdade, produtores e raladores da cultura brasileira de carne e osso que antes de serem bandeirantes eram os perseguidos por esses mesmos “bandeirantes” no Brasil.
Mostrar o brasileiro e a brasileira no exterior é uma tarefa meritória, pode ajudar o Brasil a se olhar no espelho, é globalização de baixo prá cima. Estamos “sambalizando” o mundo e queremos ajudar a democratizar para todos, o nosso Brasil.
Inauguramos este blog para que nós, que como o príncipe da Inglaterra, somos sempre os últimos a saber, tenhamos mais uma voz. Participem.
Axé
Marcos romao
Jornalista, sociólogo e ralador cultural.
Hamburgo 3 de Julho de 2008

Raça Brasil expatriada

Bienal de Artes Brasileiras de Bruxelas _ as artes como fator de integração_ uma experiência positiva na Bélgica

INTRODUÇÃO

Aproveito o ensejo deste evento extraordinário que é o primeiro Encontro de Comunidades Brasileiras no Exterior realizada pelo Ministério de Relações Exteriores,para lançar algumas idéias com o intuito de levar ao conhecimento da comunidade, das instituições brasileiras e as representações no exterior o projeto da Bienal Brasileira que está acontecendo em Bruxelas. Gostaria de realizar parcerias com associações, entidades governamentais, instituições, produtoras e produtores, tanto no Brasil como na Bélgica, para preparamos um projeto com uma envergadura cultural, social e artística que contribua ao seu desenvolvimento e dar continuidade ao projeto.
Eu sou artista plástica e poetisa, pernambucana,moro em Bruxelas desde 1976 onde cheguei como exilada política após breve passagem pela historia do Chile(1973) e das prisoes da Argentina (1973-1976).
Estou tentando implantar um projeto de bienal de artes brasileiras na capital da Europa, Bélgica, seria interessante de poder leva-lo ao Brasil, fazer algumas conferências e mesmo levar uma mostra para divulgação.
O objetivo principal desta mesa redonda é atrair a atenção sobre este segmento da "raça Brasil expatriada" e nossa produção cultural realizada ao longo dos anos
Tivemos 68 artistas brasileiros inscritos de 13 países da Europa e outras nacionalidades que se inscreveram da Africa, EUA, México, Brasil, Bélgica,Indonésia, etc. Por falta de meios financieros,tivemos que reduzir e fazer uma seleçao de somente 15 artistas, que vieram da França, Inglaterra, Suiça, Luxmburgo, Alemanha, Monaco,Italia, Bélgica e Grécia. Quer dizer, uma boa representatividade da nossa comunidade artística na Europa.
Quando se lê (e há anos venho lendo) todos os editais publicados no Brasil de incentivo à cultura ou para participação em eventos,exposições,mostras,prêmios,etc nao existe nada que favoreça os artistas brasileiros residentes no exterior.
Estamos há anos divulgando a "imagem do Brasil no exterior" mas não existe um prêmio sequer dirigido a nós, bravos brasileiros que estamos remando contra a mundializada e superficial maré dos clichês, e queremos mostrar a nossa verdadeira essencia em lugar de mostrar tão somente a « imagem » do Brasil.
As instituiçoes fazem, é certo, muita divulgaçao e apoiam largamente os artistas brasileiros do Brasil e alguns raros artistas residentes fora do Brasil que jà são consagrados ou que conseguiram furar a barreira do difícil mercado da arte. Mas a maioria fica excluida dos programas nacionais.
Nós temos algo à provar tanto no nosso Brasil como nos outros países: a nossa identidade, que apesar de ser bem vista e mesmo apreciada, no que se refere à carnaval, samba e futebol, provoca questionamentos quando nos afirmamos na nossa essência. Poucos conhecem a existência de artes plásticas no Brasil. Conhecem mais ou menos o cinema, samba, futebol,como foi dito acima, mas tudo isso tudo de fora muito folclorizada e adaptada ao gosto dos europeus. Poucos sabem que nossa cultura é viva e nossa criatividade é abondante em todas as latitudes. Esta falha incomoda, sobretudo aqui na Bélgica, capital da Europa,com a qual não temos acordo cultural bilateral o que restringe e mesmo impossibilidade apoios de parte das instituições belgas.
Quando projetos de grande porte como Ano do Brasil na França, Copa da Cultura, Arcos de Barcelona são realizados, em geral, mostram os artistas que estão no Brasil e pouco ou nunca se mostra os artistas expatriados.Talvez por falta de conhecimento de nossas existências? Ou talvez porque muitos artistas não consigam se impor ? Ou talvez nós artistas não tenhamos suficiente consciência social para criar movimentos coletivos em prol da divulgação dos seus trabalhos, a famosa união que faria a força? Provavelmente muitos prefiram evoluir à margem do coletivo... Tudo é possivel,tudo pode ser válido!Como saber? Somente provocando o debate.
Meu próposito não é uma reclamação nem crítica, é uma simples observação da realidade e uma tentativa de dar minha contribuição ao Brasil de Todos. Eu venho lutando incansavelmente para provocar câmbios na visão cultural das instituições belgas, e sei que outros fazem o mesmo em muitos lugares. Esta luta está sendo recompensada aos poucos.
Recentemente que foi criado um cargo de responsável pela cultura brasileira no exterior ,isso talvez abra algumas perspectivas para nós, mas não sabemos qual a incidência do cargo no nosso destino.
Precisamos ter espaço com as instituições brasileiras e levar adiante nosos projetos sem muito sofrer para implantá-los.

Sabemos que o atual governo e o sr Ministro da cultura Gilberto Gil vem abrindo portas extarordinárias para os desfavorecidos da cultura de todo o Brasil. E um movimento que merece respeito, elogios e aplausos. Precisamos abrir pelo menos algumas janelas para os expatriados. Queremos participar da nossa cultura e não ser apenas espectadores.
E necessário abrir o debate e enseguida criar a condições para tomar medidas concretas. O Brasil nao pode continuar fechando os olhos para os seus filhos distantes, nao pode fazer como se nao existíssemos e nem deixar a nossa produçao aos emboléus como dizemos lá em Pernambuco…